domingo, 17 de junho de 2007

De Robben Ford ao Forrozão no Português – Miríade de estilos

Parte I - Faster than virgin’s Sperm

Os pequenos flashes aos meus lados me lembravam de que eu precisava diminuir um pouco o ritmo. O problema é que eu já estava atrasado demais para o show de Robben Ford no teatro da UFPE e não queria perder nem um minuto. A pista estava molhada, a chuva atrapalhava a visibilidade, mas eu sentia que valia à pena correr aquele risco.

Cheguei no teatro, a chuva havia parado. Fiz amizade com o flanelinha e encontrei Raphael. “Já está na terceira música”, ele avisou. Não havia tempo nem para uma cerveja. Complicado de aceitar, mas arrisquei-me.

A sensação de verum show de blues para mim foi ótima. A última vez que eu assisti uma apresentação de homem-solo tinha sido no show de Beto Kaiser, no Armazém 14, abrindo para Rush Cover. Sentamos na última fileira e relaxamos ao som da música.

O fato de ir sem conhecer nada sobre Ford me ajudou. Eu praticamente não tinha expectativas. Não saber que o cara já tocou com Miles Davis pode ter tirado o peso das minhas costas. O certo é que, como um bom blueseiro, ele fez bem seu trabalho, arrancando irritáveis assobios de alguns babões mais exaltados na platéia (não os culpo... faria o mesmo se fosse Slash).

Quatro músicas depois de minha chegada, saí para tomar uma cerveja. De repente, todos saíram. Pouco mais de 1h depois de ter começado, o show terminou. Cinco tiozões trajando calças jeans apertadas e camisas de rock estavam no bar desde o começo. “É só intervalo”, garantiram. Era nada. Seus R$ 80,00 por cabeça haviam sido jogados no lixo.

Do que escutei, destaco Cannonball Shuffle, que me traz à mente o blues bem raiz, remetendo também – estranhamente – à cena do baile do filme De Volta Para o Futuro. Mas o melhor da noite ainda estava por vir.

Parte II – Carlinhos de Jesus do Paraguai

Era apenas 11h30 da noite... senti que precisava fazer algo. Despedi-me de meu amigo e armei-me com minha única camisa xadrez para enfrentar o São João dos Previdenciários, um forrozão contando com - ninguém mais, ninguém menos que - Santana, Nordestinos do Forró, Quadrilha Junina Lumiar e Kelvis Duran.

Assim que cheguei, liguei para meus contatos no território, conseguindo um ingresso para camarote. O ar frio e confortável do Teatro Guararapes era apenas uma lembrança feliz em um passado não muito distante. Agora era a vez do calor e abafado de milhares de pessoas que se apertavam na quadra principal do português e nos cantos ao redor.

A fauna também era totalmente diferente. Eu achava que ia arrasar com minha camisa xadrez. “Estou bonito?”, perguntei à minha advogada, quando a encontrei naquele inferno. “Tá brega”, ela respondeu e eu senti um pouco de receio de sua parte em ficar perto de mim. A maioria dos homens, ignorando as aulas de São João, foram com suas camisas apertadinhas de playboys.

Ignorei minha advogada e analisei tudo. Aquele era o lugar certo para um xaveco, encharcar a camisa ao som da sanfona nordestina, comer um churrasquinho de gato e, com sorte, molhar a cueca. O que tinha de mulher com decotes "Me Seque" e saias curtinhas não está no gibi, com o perdão de utilizar o bordão do locutor da Sessão da Tarde.

Santana levava todos ao delírio, mas tudo que eu queria era respirar um pouco. Nada melhor que uma cerveja para isso. Cinco ou seis latinhas depois e eu já era o próprio Carlinhos de Jesus no meio daquela multidão, dando um show de ginga e swing para colocar qualquer ogro latino no bolso.

A Quadrilha Lumiar também estigou, mas não atraiu tantos aplausos. Já Kelvis Duran rendeu reboladinhas até o chão dos melhores bregueiros de Pernambuco. Sentia que muitos deles se esforçavam para dançar melhor, como se aquilo fosse um concurso de popularidade. Na verdade, naquela hora achei que eles queriam era roubar um pouco do meu brilho, mas ainda afirmo que bailei como ninguém antes – pelo menos na minha mente deturpada pelo álcool.

Contrabalanceando as partes da noite, fico com o forrozão. Robben Ford foi uma oportunidade única, mas talvez com mais clima, com mais tempo de show, com mais cerveja na mente eu possa aproveitar mais. Se houver uma próxima chance, estarei preparado.

Já o rala-bucho do Português é um daqueles momentos que você cria histórias para a vida. Relembrar em uma mesa de bar, tomando uma lapada de cana com os caras mais escrotos que você pode conhecer. Das dez mil pernas dessa noite divertida, fico com as 9.999 últimas. Deixo a primeira para os deuses do rock n’ roll...

3 comentários:

Unknown disse...

Ae rpz!! esse dia foi foda mesmo... muita chuva, mas um detalhe me chamou atenção, pobre soh ganha as coisas quando jah tem, ganhei o ingresso do show do cara lah na fila... neh foda?

abração! E o blog tah muito bom...

Anônimo disse...

Vc conhece aquela música...
" que mentira, que lorota boa"?!
Caiu perfeitamente para certas descrições.kkkkkkkkkkk
Tô morrendo de rir até agora.

Anônimo disse...

Eskeci de falar uma coisa:
- o que vale é o que importa!